Órgão apura se empresa recebia de políticos para manipular dados favoráveis a eles. Promotor diz que instituto realizou levantamentos distorcidos em 80% das cidades do estado.
A Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás realizaram nesta quarta-feira (11) mais uma etapa da operação Leão de Nemeia cumprindo mandado de busca e apreensão na casa do dono de um instituto suspeito de fraudar pesquisas eleitorais em Goiás. A companheira do proprietário e a enteada também passaram a ser investigadas. O promotor Douglas Chegury detectou, a partir dos primeiros documentos apreendidos, que o investigado usa as mulheres como laranjas.
Os advogados do instituto não foram localizados nesta quarta, mas disseram na semana passada que a empresa teve autorização para divulgar algumas pesquisas e que está apresentando toda a documentação para esclarecer que não há fraude. "Incluímos a companheira atual do dono e a enteada na investigação. Ele utiliza elas como laranja. Tudo ele coloca nos nomes delas, inclusive a conta bancária que eles movimentam dinheiro do instituto é a conta dela. Ela como gerente financeira da empresa e a filha da companheira como gerente administrativa", explicou Chegury.
O mandado foi cumprido na casa de Márcio Rogério Pereira Gomes, dono do Instituto IPOP - Cidades & Negócios. Policiais civis e promotores do Ministério Público de Goiás apreenderam documentos e celulares para análise. A primeira etapa da operação foi realizada na quarta-feira (5) e cumpriu quatro mandados de busca e apreensão na sede do instituto e na casa de uma funcionária, em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Apenas neste ano, a empresa fez 349 pesquisas em 191 municípios do estado. A suspeita é que o investigado fraudava os dados para favorecer candidatos a prefeito em detrimento de concorrentes. Fraudes em outras eleições O MP constatou que Márcio já havia praticados as mesmas atividades ilícitas durante a campanha eleitoral de 2016, mas em cidades de São Paulo e com uma outra empresa. Lá, de acordo com o promotor, ele também foi denunciado e chegou a ser condenado pela produção das pesquisas fraudulentas. Diante do cenário, ele teria migrado para seguir com os levantamentos em Goiás, criando uma nova empresa.
Chegury afirmou que, em um dos casos, Márcio ofereceu seus serviços a um candidato, que recusou e depois o denunciou. "Em um episódio, ele ofereceu seus serviços por R$ 6 mil, que seria a pesquisa e a divulgação dela em uma revista. O candidato recusou. Ele então baixou o valor para R$ 3 mil. Mesmo assim, o político não quis e depois denunciou o caso", revela. O MP segue apurando o caso e mira políticos que teriam contratado as pesquisas. Os investigados podem responder pelo crime eleitoral fraudulento, cuja pena de prisão é de seis meses a um ano de prisão, em caso de condenação. Por: Giro da Revista - do G1 Goiás.
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