Defesa Civil amazonense procurou unidade para estudar como implementar o mecanismo no estado. Segundo diretor do Hugo, equipamento garante o fornecimento de ar de forma contínua e com menos custos.
O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) está servindo de referência para o Amazonas, que vive um colapso na saúde em meio à pandemia de coronavírus, segundo informou o diretor administrativo da unidade, Luciano Fingergut. Isso porque o Hugo tem duas usinas geradoras de oxigênio, o que permite ter autonomia da substância, sem depender de uso externo.
A Defesa Civil do Amazonas informou ao G1 que houve uma videoconferência em 13 de janeiro para receber orientações sobre o funcionamento das usinas geradoras de oxigênio do Hugo, já que a fornecedora de oxigênio medicinal disse ao estado que não conseguiria suprir a demanda diante do colapso (leia a íntegra ao final).
O diretor administrativo do Hugo comenta sobre as vantagens da produção própria.
"É um oxigênio mais barato, de maior qualidade e que garante o fornecimento de forma contínua”, afirma.
De acordo com Fingergut, coordenadores e engenheiros clínicos do Hugo repassaram para o Comitê de Crise do Amazonas, por videoconferência, há cerca de 10 dias, as orientações para implantação das usinas e mostraram como elas funcionam.
“Nós passamos todas as informações e continuamos em contato para ajudá-los como possível. O objetivo é que eles consigam implantar as usinas de oxigênio em caráter emergencial”, explica.
O G1 solicitou, por e-mail, às 16h32, informações à Defesa Civil do Amazonas sobre a implantação das usinas geradoras de oxigênio em unidades do estado e a procura por orientações em um hospital de Goiás.
Funcionamento
Segundo Fingergut, o hospital tem uma produção maior do que a quantidade necessária para que haja sempre uma reserva. As duas usinas têm capacidade de produzir, juntas, 60 metros cúbicos de oxigênio por hora, enquanto o Hugo utiliza, no máximo, 40 metros cúbicos por hora.
“Nossas usinas de oxigênio são as mais modernas do mercado. A tecnologia gera redução de custo, cerca de 40% mais barato que os cilindros", diz.
Instaladas em novembro do ano passado, as usinas de oxigênio transformam o ar atmosférico em ar medicinal para os pacientes.
“Nossos compressores pressurizam esse gás para a usina, que faz a separação e filtragem, todo o processo físico com esse gás e aí ele é administrado para os pacientes com concentração entre 92% e 98%”, explica a engenheira clínica Lidiany Leite.
As usinas dependem de energia elétrica para funcionar. Para garantir o funcionamento de forma contínua, o hospital tem um gerador que garante o fornecimento de energia, mesmo em caso de quedas.
Transferência de pacientes
Dois aviões trouxeram 32 pacientes com coronavírus de Manaus na segunda-feira (18) para unidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia, já que a cidade amazonense vive um colapso na rede pública de saúde por falta de oxigênio nas unidades e hospitais.
Dois desses pacientes transferidos para Goiás chegaram em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas (HC), em Goiânia. O superintendente da unidade, José Garcia, informou nesta terça-feira (19) que mobilizou toda a equipe da emergência para salvar a vida deles.
Dos 14 pacientes internados no Hospital de Aparecida de Goiânia (Hmap), 11 estão em estado grave, segundo a SMS divulgou na tarde desta terça-feira. De acordo com a secretaria, todos os 14 estão isolados dos pacientes locais e sendo tratados por equipes exclusivas para o atendimento aos recém-chegados.
Ao todo, a previsão é que a capital receba 120 pacientes do Amazonas ao longo desta semana. O governo goiano se colocou à disposição para atendê-los após pedido do Ministério da Saúde.
Nota da Defesa Civil do Amazonas
A Defesa Civil do Amazonas informa que houve uma videoconferência no dia 13 deste mês para receber orientações sobre o funcionamento das usinas geradoras de oxigênio do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Por conta dos elevados números de internações de pacientes com Covid-19 no mês de dezembro de 2020, com alta considerável nos primeiros dias de janeiro de 2021, a empresa responsável pelo fornecimento de oxigênio para as unidades da rede estadual de Saúde, a White Martins, informou, no dia 7 de janeiro de 2021, que não teria condições de suprir a demanda crescente.
O consumo diário de oxigênio, que no primeiro pico da pandemia saiu de 14 mil metros cúbicos para 30 mil em um período de 30 dias, nesta segunda fase cresceu exponencialmente em um curto espaço de tempo. O consumo, que estava na ordem de 30 mil metros cúbicos no dia 31 de janeiro de 2020, saltou para perto de 60 mil no dia 8 de janeiro e chegou a 76,5 mil metros cúbicos atualmente, com indicação de demanda crescente.
A produção local da White Martins, segundo dados apresentados pela empresa ao Comitê de Resposta Rápida – Enfrentamento Covid-19, composto pelos governos estaduais, municipais e federais, é de cerca de 28,2 mil metros cúbicos.
Desde que foi comunicado pela empresa da dificuldade de atender a demanda, no dia 7 de janeiro, o Governo do Amazonas iniciou uma força-tarefa para solucionar o problema, contando com o apoio das Forças Armadas no transporte de oxigênio de plantas da própria White Martins em outros estados para Manaus e também requisitando toda a produção de outras duas empresas que produzem na capital, mas que são de menor porte comparado à principal fornecedora. O Governo também iniciou a prospecção para contratação de mini usinas para os hospitais de Manaus, medida que foi assumida pelo Ministério da Saúde, que está providenciando essa solução.
No dia 12 de janeiro, foi instalado o Comitê de Resposta Rápida, formado por representantes das três esferas de Governo e as ações foram ampliadas, com o início da cooperação com outros estados para transferência de pacientes e a busca de novas alternativas logísticas para trazer oxigênio de outros locais. Ressalta-se que quanto ao oxigênio, a dificuldade é a logística de transporte, que é complexa devido às peculiaridades do produto, que requer máxima segurança e condições especiais de transporte.
A Secretaria Estadual de Saúde emitiu, dia 14 de janeiro, uma notificação administrativa extrajudicial a 11 indústrias (Gree Eletric, Moto Honda da Amazônia, Yamaha Motor, Eletrolux do Brasil, TPV do Brasil, Whirpool Corporation, Sodecia da Amazônia, Denso Industrial, Caloi Norte, Flextronics International, Cometais Industrias) requisitando eventual estoque ou produção de oxigênio necessário à utilização nas estruturas da rede estadual de saúde para o enfrentamento da Covid-19.
Por: Giro da Revista - * G1 Goiás
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