Outras três pessoas também devem responder por envolvimento no assassinato, que aconteceu há um mês, em Goiânia. Quinto investigado morreu em confronto com policiais no Tocantins.
A Polícia Civil indiciou, nesta quinta-feira (3), quatro pessoas por envolvimento no assassinato dos advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis, em Goiânia. As investigações apontaram que o crime, cometido há um mês, foi encomendado por um fazendeiro que perdeu um processo de posse de terra - declarada no valor de R$ 46 milhões - para as vítimas.
"Chama a atenção a motivação. Eles foram mortos simplesmente porque estavam fazendo o trabalho deles", comentou o delegado Rhaniel Almeida, responsável pelo caso.
Também de acordo com ele, apesar de o processo que o fazendeiro perdeu ter valor declarado de R$ 46 milhões, é possível que a propriedade disputada seja ainda mais valiosa. Não foram divulgadas mais informações sobre o andamento do processo na Justiça, como se houve recurso da sentença.
Com base nas investigações, o delegado explicou a participação de cada um dos investigados e por quais crimes cada um deve responder:
Pedro Henrique Martins: foi indiciado por roubo - já que levou R$ 2 mil das vítimas - e por duplo homicídio qualificado por cometer o crime sob promessa de pagamento e por impossibilitar a defesa das vítimas. Ele é apontado como autor dos disparos contra as vítimas e foi preso em Porto Nacional (TO), em 30 de outubro;
Jaberson Gomes: suspeito de marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime. Ele foi morto em confronto com a PM de Tocantins em 30 de outubro, por isso não foi indiciado por nenhum crime;
Hélica Ribeiro Gomes: namorada de Pedro Henrique, presa em 9 de novembro, em Porto Nacional (TO), ela foi indiciada por favorecimento pessoal, já que é apontada como responsável por ajudar o namorado após o crime;
Cosme Lompa Tavares: apontado pela polícia como o responsável por intermediar a negociação e contratar os executores do crime. Preso em 9 de novembro em Palmas (TO), ele também foi indiciado por roubo e duplo homicídio qualificado por cometer o crime sob promessa de pagamento e por impossibilitar a defesa das vítimas;
Nei Castelli: fazendeiro apontado como o mandante do crime, ele foi indiciado por duplo homicídio qualificado por cometer o crime por motivo fútil e impossibilitar a defesa das vítimas. Ele foi preso em 17 de novembro, em Catalão.
Advogado do fazendeiro, Carlos Fauze informou, por meio de nota, que as investigações "não foram capazes de apresentar elementos concretos que demonstrem a participação de seu constituinte nos fatos apurados".
Ainda de acordo com posicionamento, a defesa vai "demonstrar outra versão dos fatos que, decerto, será capaz de desconstituir os elementos de convicção trazidos no inquérito".
O G1 não conseguiu localizar a defesa dos demais indiciados para pedir um posicionamento sobre o caso.
Fazendeiro Nei Castelli é preso suspeito de mandar matar advogados — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Duplo homicídio
O crime aconteceu no último dia 28 de outubro, dentro do escritório de advocacia das vítimas, no Setor Aeroporto, em Goiânia.
De acordo com a Polícia Civil, dois homens agendaram horário e esperaram pelo atendimento. A secretária os levou até a sala dos advogados, momento em que os criminosos colocaram as vítimas de costas e disparam.
Durante os primeiros depoimentos, logo após ser preso no Tocantins, Pedro Henrique apresentou a versão de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Para sustentar a tese, ele e o comparsa levaram do escritório R$ 2 mil em dinheiro.
A versão do preso foi derrubada pela investigação, que detectou posteriormente suposta ligação do crime com o fazendeiro que teria perdido a posse de uma fazenda avaliada em R$ 46 milhões, em ação defendida por Marcus e Frank na Justiça de Goiás.
Investigação
Segundo o delegado, Pedro Henrique e Jaberson viajaram mais de 1 mil km de Tocantins para Goiânia para cometer o crime. Eles chegaram à capital no dia 24 de outubro e se hospedaram em um hotel no Centro até o dia 28, data em que os advogados foram assassinados.
O delegado disse que os dois estudaram a rotina das vítimas antes do crime. De acordo com a Polícia Civil, a negociação entre o fazendeiro e os indicados como executores foi a seguinte: caso os autores não fossem presos depois dos homicídios, receberiam R$ 100 mil. Se fossem encontrados e capturados pela polícia, o valor subiria para R$ 500 mil.
Por: Giro da Revista - Do G1 Goiás.
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