Mãe da menina que foi vítima do próprio primo desabafou com o Metrópoles após saber da extradição. "Consegui! A justiça foi feita" Alívio. Este é o sentimento da mãe de uma adolescente (foto em destaque) de 14 anos estuprada pelo primo em 2014 — à época do abuso, a menina tinha 6 anos –, no Distrito Federal, após saber que o parente, que fugiu para os Estados Unidos da América (EUA), será extraditado e cumprirá pena no Brasil.
Lucas Carvalho Rollo, 28 anos, foi condenado a 9 anos e 4 meses pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) por estupro de vulnerável, cometido há sete anos, na região de Vicente Pires. O acusado, que tem dupla nacionalidade, tornou-se soldado do Exército norte-americano pouco tempo depois do crime.
O mandado de prisão contra Lucas foi expedido no DF, em agosto de 2017. Ele é natural de Florianópolis (SC), mas tem cidadania americana por ser filho adotivo de uma brasileira com um homem nascido nos EUA.
A notícia da extradição aparece publicada em ofício relativo ao processo, no dia 4 de outubro de 2021, ao qual a reportagem teve acesso. O Departamento de Estado norte-americano sugeriu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que, apesar do prazo de 60 dias, o governo brasileiro efetive a transferência de custódia de Rollo com “a brevidade possível”. O militar também constava como procurado na lista da Interpol.
A mãe da menina abusada desabafou após saber da decisão. Ela conta que, em 2013, Lucas passou a viver na casa de uma familiar dos pais adotivos. Na residência de Vicente Pires, convivia com a vítima, que era cuidada por uma tia, ocasião que ele atacou a garotinha. À época do crime, o rapaz tinha 20 anos.
“Nunca desisti de ir atrás de Justiça. Eu consegui. Quero que minha voz e força cheguem às mães que sofrem com isso, às mulheres violentadas. Quero que elas não desistam de buscar a Justiça, ela pode e deve ser feita”, comemora a mãe.
Ao Metrópoles ela explicou ter se sentido aliviada ao saber que o criminoso foi localizado e preso. A mulher acompanha o processo diariamente.
“Quando ele fugiu, levei o assunto à Justiça, e ele foi denunciado pela Interpol. Nas redes sociais, o Lucas aparentava levar uma vida normal na Flórida. Divulgava fotos uniformizado. Além disso, postava imagens de festas, enquanto a gente aguardava pela prisão”, desabafa.
“A vontade é de soltar fogos. A família inteira se voltou contra a gente, e tentaram incriminar o meu marido, pai da nossa filha. Diziam que ele era o verdadeiro culpado. Tentaram reverter a situação. Recebi e-mails dizendo que a mãe do Lucas batia no peito para dizer que ela tinha dinheiro e ia provar a inocência dele. Não me calaram. Hoje, eu bato no peito e falo: não tenho onde cair morta, mas provei, e ele vai pagar pelo que fez”, acrescenta.
Cicatrizes
Para a mãe da vítima, não bastava o jovem estar preso, ele tinha de cumprir a pena no Brasil.
“Era o meu dever proteger a minha filha. Ver isso acontecendo agora é uma vitória na minha vida. Era tudo o que nós queríamos. Hoje, nós estamos bem, graças a Deus. Ela faz acompanhamento psicológico e está entrando na adolescência. Tenho medo de isso tudo vir à tona”, destaca.
Dia do crime
Segundo relato da mãe da menina, ninguém desconfiava de nada. No começo, tudo parecia normal, entretanto, em 2 de fevereiro de 2014, um comportamento estranho da criança chamou a atenção do pai. A pequena contou que estava sangrando e queria tomar banho porque Lucas estava em cima dela e havia passado um gel nas suas partes íntimas.
O caso foi registrado na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires). Ao longo da investigação criminal, os peritos analisaram o short, a calcinha e a camiseta da vítima, além de um lençol do quarto. Os técnicos constataram nas amostras a presença de sangue, líquido seminal (parte do sêmen sem espermatozoides) e material genético de Lucas na criança.
Exame de corpo de delito concluiu que o hímen da menina não foi rompido. O rapaz chegou a ser preso por cerca de 8 meses, mas conseguiu habeas corpus para responder ao processo em liberdade. Advogada de Lucas à época, Cláudia Tereza informou que o cliente acabou absolvido em primeira instância pela 2ª Vara Criminal de Taguatinga. Assim, recuperou o passaporte e deixou o Brasil. Todavia, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) recorreu da decisão, e o acusado foi condenado em segunda instância, ainda em 2016.
Interpol
O caso foi dado como encerrado na Justiça e iniciou-se o processo de execução da pena. Em 1º de setembro de 2017, o TJDFT solicitou a inclusão do nome do soldado na lista de difusão vermelha da Interpol. Desde então, o rapaz era considerado foragido. Ele foi detido na Flórida em abril de 2020. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Lucas. O espaço permanece aberto.
Por: Portal Forte News*
Do metropoles
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