Em Goiás: Padre diz em áudio que quem votar no Lula vai pagar ‘no juízo final'
- Carlos Peixoto
- 13 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Religioso diz ainda que cabe aos fiéis segui-lo ou procurar outra igreja. Mensagens foram enviadas após mulher criticar atitude do padre Pablo Henrique.

Um padre de Iporá enviou áudios a uma fiel falando que quem votar no candidato Lula (PT) irá ser responsabilizado “no juízo final”. Na mensagem, o religioso Pablo Henrique de Faria, de Iporá, oeste do estado, diz que ele é quem entende sobre a mensagem da Bíblia e que cabe aos fiéis segui-lo ou procurar outra igreja. A irmã mulher que recebeu os áudios postou em redes sociais a situação criticando a atitude do clérigo.
“Diante de Deus, eu garanto para você que, no juízo final, vai pagar quem votar nessa quadrilha de ladrão, assassino de criança, sexualizador de criança e comunista”, disse no áudio.
O g1 tentou contato por telefone nesta quinta-feira (13) com o padre Pablo, mas as ligações não foram atendidas. Durante uma missa, o religioso disse que conversou com a fiel, que não é de sua igreja, de maneira doutrinadora e negou que tentou usar sua influência para mudar votos de pessoas.
“Como vou usar o meu poder de pastor para mudar voto se ela nem vem aqui, não é minha ovelha? Minhas ovelhas olham pela igreja, não criticam igreja”, disse o padre, se referindo à mulher que o criticou.
A professora Rosimar Sebastiana Barbosa Silva, de 50 anos, disse que os áudios foram enviados à irmã dela, que prefere não dar entrevista, na segunda-feira (10). Em suas redes sociais, o padre posta mensagens de apoio ao atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Em uma das mensagens, uma fiel fez uma crítica à postura do padre Pablo. Ele, então, enviou as mensagens de áudio.
“O que eu mais fiquei indignada é o padre dizer que ela tem que concordar com ele por ser apenas uma ovelha e que se não concorda, tem que mudar de igreja”, disse Rosimar. Ela contou que foi católica por muitos anos, mas, atualmente, é evangélica. Outra irmã dela, que já foi freira, fez uma denúncia à Diocese de São Luís de Montes Belos, responsável pela cidade, e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O g1 tentou contato por telefone nesta quinta-feira (13) com a diocese, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem também entrou em contato por e-mail com a CNBB, mas não teve retorno até a última atualização.
“Entre Bolsonaro e Lula eu 100 bilhões de vezes Bolsonaro. Cristão nenhum de verdade deveria votar nesses canalhas, quadrilha. [...] É você que não conhece o catecismo, quem é pastor aqui sou eu. O pastor que sabe o certo de Cristo, sou eu que respondo diante de Cristo. Você é ovelha, tem que seguir o pastor. Agora, se você não quer me ouvir, siga outro pastor, outra igreja”, disse o padre em outro áudio enviado à fiel.
Não há registro de apurações contra o padre no Tribunal Superior Eleitoral.
Rosimar critica que o padre use sua posição como religioso para intimidar as pessoas com relação à eleição. “É um voto de cabresto. Teve uma familiar que já mudou o voto com medo de ir para o inferno. Ele está usando a batina para ganhar voto para o candidato dele. Não é errado pedir votos, mas como cidadão, não como padre, na minha concepção”, ressaltou a professora.
Fonte: g1 Goiás.