Em Goiás: Mãe doa criança e se arrepende, novos pais já tinham registrado a menina: diz polícia
- Carlos Peixoto
- 25 de nov. de 2022
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Delegada disse que a mãe da bebê já tem outra filha e alegou não ter condições de criar mais uma criança. Casal que registrou a menina ficou em silêncio durante a prisão.

Em depoimento, a mãe da bebê que foi registrada por um casal preso disse que se arrependeu no momento de entregar a menina, segundo a delegada Thaynara Andrade. A investigação apontou que o casal foi detido ao se passar por pais da menina e registrá-la em um cartório de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
“Segundo a mãe, era uma doação, ela queria que a adoção fosse regularizada, mas ela falava que não entendia da lei. No momento de entregar a criança, ela se arrependeu e quis ficar”, explicou.
O casal ficou em silêncio durante a prisão e, como eles não tiveram a identidade divulgada, o g1 não localizou a defesa até a última atualização desta reportagem.
À delegada, a mãe disse que conhecia a mulher que registrou a filha, mas não explicou sobre a relação das duas. Segundo a delegada, a mãe da bebê já tem outra filha e alegou que não tinha condições de criar mais uma criança.
“Ela disse que tinha a intenção de abortar e essa mulher disse que ia pegar a criança. Ela disse que não recebeu nenhuma vantagem, mas não ficou esclarecido”, disse.
Conforme apurado pela polícia, no último exame do pré-natal, a mãe chegou a apresentar o documento de identidade da mulher que foi presa, se passando por ela.
O caso
De acordo com a delegada Bruna Coelho, no domingo (20), a mulher presa foi à Maternidade Marlene Teixeira como acompanhante da grávida e as duas trocaram os documentos de identidade, se passando uma pela outra.
“A acompanhante se passou pelo nome da grávida e a grávida se passou pelo nome da acompanhante, porque o documento do nascido vivo que o hospital emite já ia sair no nome de quem queria registrar [a mulher presa]. A mulher presa pegou esse documento junto com o marido dela e foi registrar. A grávida informou que não sabia e não deu autorização’, explicou.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida informou que a mulher chegou à unidade já em trabalho de parto e sem os documentos pessoais. A maternidade completou que, pós o parto, a equipe médica percebeu divergências nas informações prestadas pela paciente e por sua acompanhante e acionou a polícia.
O casal foi preso na última segunda-feira (21), mas a bebê nasceu no domingo (20). A delegada explicou que a mãe foi ouvida como testemunha, porque o crime do flagrante foi o uso de documentos falsos para o registro da menina.
“O crime da mãe seria entregar a criança mediante uma vantagem, econômica ou qualquer uma vantagem, que vai ser apurado. A polícia vai investigar se houve o objetivo de a mãe ter uma vantagem nessa entrega ou se ela só queria entregar para a adoção”, disse.
Bruna Coelho explicou que a recém-nascida foi encaminhada para o Conselho Tutelar e vai ficar em um abrigo até o juiz decidir se a mãe tem condições de ter a guarda.
“Parece que ela está tendo problemas e diz que não quer a criança. Apesar de ter falado que se arrependeu, em um primeiro momento a bebê vai para um abrigo”, finalizou.
Se condenado, o casal pode responder por registrar o filho de outra pessoa como seu, com pena de até 6 anos, e falsidade ideológica, com pena de até 5 anos. Além disso, se confirmado que a mãe foi beneficiada com a entrega da bebê, tanto ela quanto o casal, podem ter pena de até 4 anos, segundo a delegada.
Fonte: g1 Goiás..