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Clínica de hipnose em Brasília diz “tratar” homossexualidade em seis meses

Serviço da empresa Hipnoticus custa R$ 29.990. Comissão de Direitos Humanos da CLDF vai oficiar MPDFT para que haja investigação


Uma clínica de hipnose em Brasília chamou a atenção da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa (CLDF). O estabelecimento oferece “tratamento” para a homossexualidade. No site, a empresa Hipnoticus diz que o serviço, que custa R$ 29.990, gera resultados em seis meses.

Segundo consta no site do grupo, a hipnose é feita através do método “Psicoterapia Sem Falhas”, usado pelo hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso. São oferecidas três opções de serviços: sessões com duração de quatro meses, seis meses e oito meses.

Em outra parte do endereço eletrônico, sobre “como funciona a hipnose”, a empresa diz que “a cura de doenças é realizada através da objetividade do diagnóstico e do tratamento holístico, oferecendo resultados ainda antes da 1ª sessão”. A clínica ainda afirma que “a hipnose também é a única solução para mudar sua orientação sexual e te livrar da atração indesejada pelo mesmo sexo”.

O dono da empresa diz ser hipnoterapeuta cadastrado no Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística (CRT), uma sociedade civil sem vínculos com o governo Federal. Ao Metrópoles, Gabriel Henrique revelou que a clínica existe desde 2010. Sobre o “tratamento” para homossexualidade, ele afirmou que “há pessoas que não ficam satisfeitas com esse tipo de vida. Então, o tratamento é oferecido nessa perspectiva”.

No site, o hipnoterapeuta também oferece a cura de doenças como depressão e ansiedade em até seis meses. Ele, porém, não tem formação em psicologia, medicina ou terapia ocupacional. Questionado sobre uma possível prática ilegal da profissão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) não se posicionou até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto para eventual manifestação.


A reportagem tenta contato com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o de Terapia Ocupacional (COFFITO), assim como com as entidades representativas dessas categorias no DF. A matéria será atualizada tão logo o Metrópoles receba novas manifestações.

CLDF pede investigação

Segundo o deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, a Casa irá acionar os órgãos necessários para que a clínica seja investigada. “Isso é um absurdo e a Comissão de Direitos Humanos vai atuar, sem dúvidas, de forma muito dura nesse caso”, disse ao Metrópoles.

“É um absurdo completo que a gente tenha uma clínica que trate a homossexualidade como doença. Nós estamos no ano de 2020. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa vai atuar nesse sentido. Primeiro, porque isso configura crime definido pelo Supremo Tribunal Federal, que é a LGBTfobia”, declarou Fábio Felix.

“A comissão vai oficiar os órgãos, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a delegacia especializada, para que abram uma investigação sobre esse tipo de conduta. A nossa sexualidade, a nossa diversidade, não pode ser tratada de forma tão violenta”, completou o deputado.

O que diz a clínica

A clínica se posicionou oficialmente sobre a situação, por meio de nota enviada à reportagem.


Confira, abaixo, a íntegra:

“O termo Psicoterapia Sem Falhas refere-se ao acompanhamento e aos progressos que são obtidos através da terapia holística oferecida, que possui acompanhamento e garantia vitalícios. Após o término da terapia, que pode durar 4, 6 ou 8 meses, o cliente pode reaver os resultados obtidos a qualquer momento, sem ônus, sem custos adicionais, visto que podem haver relapsos ou novas situações de estresse e dificuldade na vida do indivíduo, e estaremos de prontidão para dar o suporte necessário. Logo, é uma terapia feita para servir às necessidades que eventualmente se apresentarem ao indivíduo.


A terapia é holística, profissão registrada pelo Código Brasileiro de Ocupações (CBO 322125). A ênfase e nexo central deste processo são na manipulação de energias, no aumento do autocontrole emocional, no fortalecimento do Eu e no enaltecimento da autonomia e facilidade para lidar com os problemas diários. Nossa terapia lida com pessoas que se dizem estar com quadro de ansiedade, depressão e outras condições na nossa perspectiva holística. Propomos harmonização, superação, mudança e evolução individual. Não fazemos diagnóstico médico, psicológico ou qualquer outro, somente análise e avaliação holística.

Sobre a questão do serviço oferecido para homossexualidade, não fomos acionados pelos órgãos informados pela reportagem e só vamos nos manifestar sobre o assunto quando tivermos acesso ao comunicado oficial destas entidades.


Assim que veio ao nosso conhecimento, o termo “homossexualismo” foi devidamente alterado para evitar mal entendidos e conotações negativas. Contudo, afirmamos que não há preconceito algum contra a população LGBT e que o serviço oferecido é para melhoria da vida dos indivíduos que nos procuram buscando ajuda. Nos colocamos à disposição para esclarecer quaisquer eventuais dúvidas.”


Por: Giro da Revista - do metropoles.






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