A empresária goiana Alline Fernandes Dutra, 36 anos, denuncia que foi presa por engano no aeroporto de Londres, na Inglaterra, e passou cerca de 30 horas em uma cela. Segundo a mulher, ela foi algemada na frente dos filhos e do marido, e viveu momentos de pânico.
A prisão ocorreu em 13 de junho, quando Alline e a família estavam a caminho da Itália. Segundo a empresária, ela foi confundida com uma mulher de nome parecido que dirigiu bêbada. A mulher foi solta no fim da tarde do dia seguinte. No período em que ficou presa, a empresária disse que teve de implorar por remédios para dor e ficou com fome.
“Entrei em desespero total, crise de choro, eu não conseguia contentar, não conseguia falar. Chegou um momento em que eles me tiraram da cela, veio uma enfermeira me examinar, porque eu estava em estado de choque, em crise constante de desespero, de choro”, contou Alline ao portal g1.
“Eu tive de esmurrar a porta da cela para pedir remédio, eles não queriam me dar. Eu estava com fome, eu não tinha jantado, eles me deram uma refeição durante todo o dia, no segundo dia que fiquei presa”, completou.
Confusão de nomes
Ao despachar as malas, três policiais abordaram a goiana perguntando se ela era a “Alinne Fernandes”. A brasileira respondeu que se chama “Alline Fernandes Dutra”. O nome das duas se diferencia no último sobrenome e na grafia do nome próprio, um tem dois “Ls”, e o outro, dois “Ns”.
“Sou mãe de 2 filhos pequenos, trabalho honestamente no Reino Unido. E o que está acontecendo não pode ficar por isso mesmo. Fui tratada como uma criminosa o tempo todo, mesmo que claramente não tinham certeza se eu era a pessoa certa”, desabafou Alline.
Incoerências
De acordo com Alline, ela ficou presa das 11h de 13/6 até as 17h do dia seguinte, quando foi à Corte passar por uma audiência. Durante o julgamento, a foto da suspeita do crime não estava no processo, informações da incompatibilidade das digitais foram omitidas e o nome da brasileira foi adicionado ao documento da prisão da verdadeira culpada, segundo Alline.
“Após verem o vídeo da ‘Alinne Fernandes’ sendo presa, em 2022, eles afirmaram que não era eu; por isso, fui solta em liberdade condicional, com data marcada para retornar. Eu e minha família retornamos à Corte no dia 28 para mais uma audiência e para a minha defesa esclarecer de uma vez por todas o erro que a polícia britânica cometeu ao me prender indevidamente”, explicou.
Agora, a goiana deve andar com um documento que comprova a inocência, em caso de abordagem policial, até que a verdadeira acusada do crime seja presa. Alline nasceu em Goiânia, mora no Reino Unido há 15 anos e tem dupla nacionalidade, a brasileira e a italiana, por causa do avô.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral, em Londres, informou que acompanha o caso e presta a assistência consular cabível à nacional brasileira.
A prisão
No momento da prisão, Alline estava com o marido, Joel Winston Petrie, cidadão inglês, e os dois filhos, de 3 e 1 ano, nascidos em Londres. Durante a abordagem, os policiais explicaram que o crime de “Alinne Fernandes” ocorreu em 16 de janeiro de 2022.
“Falei que não sei dirigir, não tenho carteira de motorista, e não estava nas redondezas onde a outra pessoa foi presa. Durante a minha prisão no aeroporto, a polícia se recusava a mostrar os dados que eles anotaram da suspeita presa em 2022, como data de nascimento, endereço, qual carro ela estava dirigindo ou onde ela foi presa”, relembrou Alline.
Segundo a empresária, até a foto tirada durante a prisão da verdadeira acusada, chamada de mugshot, era diferente dela. “A foto claramente não era eu! Quando o meu marido questionou a polícia sobre a foto, eles disseram que era irrelevante o fato de que não era eu”, lamentou Alline.
Após alguns minutos de conversa, a goiana foi algemada na frente dos filhos. Alline contou que se machucou durante a prisão, mostrando o pé inchado e as marcas nos punhos.
Considerada inocente
A brasileira foi levada algemada no camburão até uma cela, e as digitais foram colhidas. Alline disse que foi informada que, se a impressão digital ficasse vermelha, indicaria que ela não era a pessoa que cometeu o crime em 2022.
“Após a minha impressão digital ter voltado vermelha, eles ainda me mantiveram presa, e não me explicaram mais nada”, pontuou.
Diante do juiz, Alline percebeu que a foto da verdadeira acusada não estava no processo, e a polícia omitiu a informação da impressão digital. Alline descobriu também que os dados que os policiais tinham em mãos não eram iguais aos dela.
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“Percebi que a polícia havia editado o documento da prisão em 2022 adicionando o meu nome completo e endereço, deixando tudo mais confuso no sistema para parecer que eu tinha algo a ver com o crime”, completou.
Ainda segundo ela, o juiz só percebeu que algo estava errado quando o vídeo que mostrava a prisão da verdadeira acusada foi exibido na Vorte. Em seguida, ela foi solta em liberdade condicional, com audiência marcada para retornar.
No último dia 28, durante a última audiência na Barkingside Magistrates Court, em Londres, a Justiça reconheceu que Alline era inocente. No entanto, ela explicou que precisa andar com um documento que comprova o fato, até que a verdadeira culpada seja presa.
Fonte: metropoles.
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