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Cenas fortes: em surto, motoboy é amarrado a maca e morre em UPA do DF

Antônio Marcos teve um surto psicótico no sábado (11/6) e foi encaminhado pelos bombeiros à UPA do Gama. Ele morreu no domingo


Um motoboy do Distrito Federal morreu, aos 33 anos, após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento do Gama (UPA), no último domingo (12/6), em surto psicótico. Antônio Marcos Pinho precisou ser contido por socorristas do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). O homem foi amarrado com os braços para trás e rosto para baixo, em uma maca. O caso aconteceu no último sábado. Já dentro na unidade de saúde, no dia seguinte à sua entrada como paciente, o homem morreu. A família denuncia negligência.

Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que Antônio passa mal na rua e é imobilizado pelos bombeiros.


Ao Metrópoles, a família da vítima contou que, no sábado (11/6) à tarde, Antônio foi até à casa do primo Patrick Pinho e pediu ajuda. De acordo com o parente, o motoboy estava bastante inquieto. “Ele estava andando à pé e afirmava que estavam atrás dele e repetia que fizeram algo forte para ele. Quando estávamos no carro, para deixar ele em casa, apareceram três caras dizendo que o meu primo ia pagar. No que eu saí do carro para protegê-lo, ele tomou a direção do carro e fugiu”, conta.

Após o ocorrido, o primo tentou encontrá-lo pela região. Porém, só teve notícias sobre o paradeiro de Antônio quando soube que ele tinha sido socorrido por estar em surto. Ele estava pedindo ajuda em um mercado quando os bombeiros foram acionados.


No momento de transportar o homem na maca, os socorristas o imobilizaram. A reportagem questionou à corporação sobre o método adotado, porém não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

“Quando cheguei à UPA, ele estava deitado na maca se debatendo. Tentei acalmá-lo e fiquei com ele no corredor. Limpei o nariz dele, que estava sangrando, e tentei folgar o aperto das cordas nos pés e na cintura. Ele estava muito ofegante e não conseguia falar direito. Estava fora de si”, relembra Patrick.

Segundo ele, o primo voltou a se debater e a equipe hospitalar pediu que o acompanhante deixasse o local. “O pessoal da UPA ficou de nos ligar para passar informações. Na manhã do dia seguinte, fui até o local para buscá-lo, pois achei que ele já estaria bem. Foi quando soube que ele foi à óbito. Meu primo entrou como indigente e saiu como indigente”, alega.


Familiares relatam que não era comum Antônio agir da forma que o encontraram no sábado. De acordo com eles, esta foi a terceira vez que o motoboy apresentou surto.


“Foi total negligência. Ele ficou a noite inteira no corredor, naquela posição. Ele morreu na maca. Nós vamos atrás de provas e imagens da câmera de segurança da UPA. Como que deixa uma pessoa daquele jeito?”, questiona Patrick.

Tratamento indigno

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF) se manifestou sobre o ocorrido e alegou que, por se tratar de uma emergência psiquiátrica, é necessário avaliar o contexto que levou à morte de Antônio.

“As informações disponíveis até agora não permitem concluir o que ocorreu. O caso precisa ser rigorosamente apurado. Pela simples imagem, pode-se concluir que essa não é a maneira mais adequada de imobilizar um paciente”, alega o Coren.


“Além de ser desconfortável, pode prejudicar a circulação sanguínea da pessoa. Esse tipo de abordagem deve ser humanizada e profissional. Ninguém merece ser tratado de forma indigna”, acrescenta em nota oficial.


O que diz o Iges-DF

Por meio de nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pela administração da UPA do Gama, informou que recebeu um paciente contido mecanicamente pelo Samu em decorrência de agitação psicomotora e extrema agressividade. “Tal conduta, apesar de chocante, por vezes é necessária até o efeito desejado de medicações que controlem a agressividade (contenção química). Foi atendido prontamente na UPA, sendo tomadas todas as medidas clínicas para a assistência médica”, afirma o instituto.

Segundo o Iges-DF, Antônio foi admitido na UPA Gama, classificado em laranja, apresentando desorientação e encaminhado para atendimento imediato onde foram administradas medicações e realizado atendimento médico. “No decorrer do plantão apresentou rebaixamento do nível de consciência onde evoluiu para Parada Cardiorrespiratória, por volta das [sic] 1:20h, onde foi prontamente assistido com manobras de Reanimação Cardio Pulmonar, por 56 minutos e Intubação Oro Traqueal”, esclarece.


“Cabe ressaltar que o Iges-DF se solidariza com a dor da família, mas reforça a necessidade das devidas apurações, incluindo o laudo final da necrópsia, para formar uma opinião médica final sobre essa ocorrência, vistos os registros de acontecimentos que antecederam a chegada do paciente a UPA”, finaliza o órgão.

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Fonte: metropoles.

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